Em 1987, quando eu tinha 8 anos, a minha família se mudou para uma casa em
uma rua linda, cheia de crianças. Mas claro que na maioria, garotos. Então eu
passava o meu tempo com uma garota chamada Daniele, ela era 2 anos mais nova do
que eu.
A Daniele morava em uma casa grande, que tinha dois andares. O quarto dela
ficava no final do corredor, no segundo andar. Do lado tinha o banheiro e depois
o quarto da irmã dela. Quando nós estávamos na casa dela, nós ficávamos no
quarto dela. Nós já éramos amigas a algum tempo, quando ela começou a me falar
da Karen. Ela falava que Karen era uma garota que morou na casa à muito tempo
atrás. Ela ficou muito doente e acabou morrendo. A Daniele e a irmã dela,
Ângela, freqüentemente falavam sobre a Karen e que de noite ela aparecia para
brincar com elas. Elas não tinham medo dela, e eu nunca via ela, apesar de as
vezes eu sentir coisas estranhas quando ia lá.
Quatro anos depois a família da Daniele se mudou. Nessa época eu tinha 12 anos e
nós não nos víamos mais tanto assim, já que eu tinha feito novos amigos na
escola. Uma nova família se mudou para a casa da família da Daniele e eles
tinham um filho e uma filha, Íris, os dois bem novos. A mãe deles me pedia para
tomar conta deles as vezes nos finais de semana. A minha família morava a duas
casas de lá e eu tinha mais 4 irmãos mais novos, que eu ajudava a tomar conta,
então ela confiava em mim.
Com o tempo eu comecei a ir tomar conta dos filhos dela bastante, enquanto a
empregada cuidava do resto da casa. Eu ia quase sempre depois da escola para lá,
e ficava até a mãe deles chegar em casa do trabalho. O quarto da Íris era o
mesmo quarto da Daniele. Eu nunca vou esquecer esse dia enquanto eu viver. Nós
estávamos no quarto dela jogando banco imobiliário, então a Íris me fala que fez
uma nova amiga, a Karen, uma garota que morava na casa dela. Eu não quis parecer
assustada, então fiz algumas perguntas básicas. Ela me falou as mesmas coisas
que a Daniele tinha me falado.
Agora eu tenho 24 anos e a família da Íris teve mais três meninas e mais um
menino (família grande!) desde então, e eu continuo muito apegada a eles. A
família inteira sabe sobre a Karen. As crianças nunca ficaram assustadas, e
nunca nada de ruim aconteceu. O que é estranho é que quando as crianças vão
envelhecendo, elas param de ver a Karen. Íris agora tem 18 anos e parou de falar
sobre ela quando tinha 10, apesar de ela se lembra bem da Karen.
A família deles se mudou a algumas semanas e uma outra se mudou para lá. A minha
família também está para se mudar daqui ainda esse mês. Eu espero que a Karen
goste dos novos companheiros, e espero que eles tratem ela do jeito que as
outras duas famílias trataram.
Karla - Fortaleza - CE